quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

ATENÇÃO CANDIDATOS À DESIGNAÇÃO


Finalmente foi publicada a resolução de organização do quadro de escola, mais conhecida pela categoria como resolução de designação, pelo óbvio motivo de ter ainda um número absurdamente alto de contratos temporário em Minas. 
Não deu tempo da direção da Subsede/JF fazer uma análise, porem numa olhada rápida parece que nada mudou em relação à minuta.
Para o encontro que haveria com o governo dia 11/12, a Subsede enviou, por email à direção estadual do SindUte reivindicação de vínculo para os ASBs; de contagem de tempo da lei 100 para designação (não estava contemplado no cadastro de 2014); de redução de número de alunos por turma e aumento do quantitativo de ASB e ATB. No entanto não obtivemos retorno da sede central sobre esse encontro, sequer sabemos se ele aconteceu.
Vamos elaborar uma análise detalhada e publicaremos no face e blog da subsede
A resolução está publicada na pagina 48 do Minas de hoje, ver site:www.iof.mg.gov.br

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Sobre as designações de 2016

À procura de informações sobre a resolução (atrasadíssima) do quadro de escola, a direção da Subsede encontrou a notícia abaixo no site do Plantão Inspeção Escolar e em seguida checou no site do deputado Rogério Correa.
Muito estranho, para dizer o mínimo, que uma notícia tão importante como essa seja dada por deputados e não pelo SindUte. Das duas uma: ou o governo Pimentel não está cumprindo com o compromisso de campanha de ouvir, negociar e debater com o sindicato ou o SindUte estadual não repassa devidamente as informações à categoria e às Subsedes (não encontramos nada no site do sindicato) permitindo, assim, que deputados se promovam.


"EDUCAÇÃO - DESIGNAÇÕES 2016
Os deputados Rogério Correia e Prof. Neivaldo, estiveram, nesta manhã (28), na Secretaria de Estado de Educação, solicitando esclarecimentos sobre o processo de designação para o ano que vem.
Foram repassadas as seguintes informações:
1º - O Quadro Escola será publicado até dia 31 de dezembro
2º - A Secretaria está implementando um hotsite, onde as dúvidas e orientações relativas à Lei 100 e designação, serão tratadas diretamente pela SEE e SEPLAG.
3º - As nomeações serão retomadas em março/16, incluindo séries iniciais e concurso 2014, conforme relato de hoje da Secretaria.
4º - Novos diretores/diretoras serão nomeados já no início de janeiro/16
O portal da Secretaria de Educação é: www.educacao.mg.gov.br, onde será encontrado o hotsite. Se restar alguma dúvida, nosso gabinete estará à disposição."

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

PIMENTEL/MACAÉ: CADÊ A RESOLUÇÃO?


A resolução de 2015 foi publicada só em janeiro, porém compreendemos, afinal era início de um novo governo, mas e a de 2016, quando será publicada?
A indescupável demora do governo na publicação da resolução do quadro de escola é que faz sugir boatos que precisam levar a esclarecimentos oficiais como esse.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

RECESSO DE FINAL DE ANO

O SindUte  estadual estará de recesso no período de 21/12/2015 à 10/01/2016 e a Subsede acompanhará esse calendário. No entanto, devido ao fato da não publicação da resolução de organização do quadro de escola, alguns diretores estarão de prontidão e atenderão as emergências pelo telefone: 98898-4964.
A advogada atenderá no dia 12/01 e não haverá marcação prévía de horário. Quem necessitar de assistência jurídica é só comparecer na Subsede nesse dia das 12:30 as 15h.
Um feliz Natal a todos e todas e um Revellion repleto de festas e alegrias.Em 2016 estaremos a postos na continuidade da luta em defesa de uma Educação Pública de Qualidade para a classe trabalhadora e dos direitos dos trabalhadores em educação.
Boas Férias!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Gasparette se retrata em plenário sobre críticas a professores

Se não bastasse a deplorável declaração do ministro Marcadante de que se "a formação dos médicos fossem como a dos professores todos os pacientes morreriam", os professores de Juiz de Fora ainda tiveram que ouvir uma outra declaração tão deplorável quanto a do ministro. 
Retratar-se é o mínimo que o vereador Gasparetti deve fazer. Se tem algum professor ou alguma professora que votou nesse vereador deve repensar muito seriamente suas escolhas eleitorais.
Ano que vem tem campanha salarial do magistério municipal , e certamente em algum momento, haveremos de nos encontrar na Câmara com Gasparetti. Ele que nos aguarde!

POR TRIBUNA
No último dia de reunião na Câmara no ano, o vereador Julio Gasparette (PMDB) se retratou de uma declaração dada em plenário na última quinta-feira. Na ocasião, em embate com Roberto Cupolillo (Betão, PT), as palavras do peemedebista insinuaram que professores não sofriam acidentes, pois “professor não trabalha”. Após a repercussão negativa da fala, Gasparette subiu na tribuna para se defender e considerar que houve um mau entendido em seu posicionamento anterior. O parlamentar afirmou que em momento algum quis dizer que os docentes não trabalham, mas ressaltar que não “trabalham em atividades de maior risco”, como os metalúrgicos, por exemplo. “Aproveito a oportunidade de pedir desculpa para o vereador Betão e aos professores. Sabemos que os professores trabalham e muito.” A fala polêmica ocorreu durante as discussões acerca de representação apresentada por Betão, tratando de questões pertinentes à situação dos funcionários terceirizados da empresa ArcelorMittal.

Queremos informações jà!


Os efetivos apreensivos, os ex efetivados e designados angustiados, a direção da Subsede pressionada pela categoria a dar respostas e a direção estadual que negocia com o governo e o próprio governo não dizem nada. 
Enquanto não se tem notícia e a resolução não é publicada os boatos aumentam e vão criando muitas confusões nas cabeças dos trabalhadores em educação.
Havia uma reunião marcada com o governo na última sexta feira, hoje já faz quase uma semana e a sede central não dá nenhuma notícia.
Assim fica muito difícil.
Queremos informãcões Já!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

SUBSEDE/JF ESCLARECE

O governo publicou o contracheque do 13º salário somando o abono e vencimento básico e com descontos sobre o IPSEMG saúde e IPSEMG previdência . Além disso o contracheque veio com  um sinal de interrogação diante dos descontos.

Esclarecemos que:

a)  os descontos  estão incidindo apenas sobre o vencimento básico. O valor do abono (sobre o qual não pode ter descontos)  não foi computado para os mesmos.
b) O desconto sobre o IPSEMG previdência é legal, no entanto, segundo a advogada da Subsede,  sobre o IPSEMG saúde pode ser considerado abusivo. A direção da Subsede já entrou em contato com a direção estadual e estamos aguardando orientações sobre isso.
c) Os sinais de interrogação, de acordo com a SRE, é um problema do sistema.

sábado, 12 de dezembro de 2015

POSIÇÃO DA DIREÇÃO DA SUBSEDE/JF SOBRE A ELEIÇÃO PARA DIREÇÃO DE ESCOLA


Na próxima 3ª feira, dia 15/12 os trabalhadores em educação de Minas terão uma importantíssima tarefa que é a de eleger as direções nas escolas em que trabalham.
Nosso local de trabalho é o primeiro espaço de organização da nossa categoria. É nele que sentimos  o primeiro e mais forte impacto das politicas implementadas pelos governos. É nele que dividimos, diariamente, com nossos colegas os problemas que temos na educação. E é nele que podemos debater mais profundamente os ataques que sofremos e iniciar a resistência necessária a esses ataques.
A eleição foi uma  conquista da categoria que o PSDB tentou destruir
Até início dos anos 90 os  cargos de direção de escola eram utilizados como uma troca de favores entre políticos municipais e estaduais que indicavam seus cabos eleitorais. Muitas das vezes o (a) diretor (a) indicado (a) nunca havia trabalhado na escola e sua lealdade ao político que o (a) indicou e ao governo de plantão era o que balizava suas ações.
Nos últimos anos os governos do PSDB em Minas tentaram destruir essa conquista com medidas de cooptação das direções através de convencimento ideológico, e se, diante de direções mais politizadas e conscientes de seu papel coletivo na escola isso não funcionasse, da coação através de mecanismos como avaliação de desempenho e de presença ostensiva nas escolas do serviço de inspeção que, muitas vezes era o verdadeiro dirigente.
Com essas medidas, a função da direção que é de  coordenar um projeto coletivo no qual as decisões devem ser tomadas democraticamente,  foi esvaziada  e diminuída a um mero guardião das politicas do governo para a educação . O resultado disso todos sabemos: a categoria sendo atacada brutalmente em seus direitos,  implementação de projetos educacionais estranhos à escola e aos educadores, a educação reduzida a números estatísticos  e de disputa  de ranqueamento e o aumento sem precedentes do assédio moral sobre as direções e os trabalhadores que teve como uma das mais graves consequências um altíssimo índice de adoecimento entre os educadores.
Governo federal do PT  também tenta destruir essa conquista.
A nível federal a política para a educação não é diferente. Recentemente o ministro Mercadante  declarou numa entrevista que  “ se o Brasil formasse médicos como professores, os pacientes morreriam”   (Folha de São Paulo, 28/11/2015), jogando assim  nas costas dos educadores todos os problemas vivenciados na educação.  Nessa mesma entrevista, defendeu  as avaliações e a certificação nacional para direção de escolas. Mercadante estava falando em nome do PNE de Dilma que prevê a certificação nacional (meta 19-estratégia 19.8)   colocando em risco a eleição democrática pela comunidade escolar.
Essas declarações do ministro demonstram que o governo federal considera que os problemas que temos  se originam  na escola  em decorrência da má formação dos professores e da má gestão das direções escolares  se eximindo assim da responsabilidade por um projeto nacional de  educação,  pelo baixo investimento na educação pública, pela desvalorização dos educadores  e pelos problemas sociais que a desigualdade  econômica produz e que desaguam dentro das escolas.
A direção que queremos deve se pautar por uma gestão democrática
Enfrentamos muitos  desafios na educação e temos nesse momento diante de nós um dos mais importantes. Consideramos que a direção da escola é um importantíssimo fator para que as escolas sejam um bom  ambiente de trabalho.  Os problemas externos à escola são imensos, e  muitos não estão sob nosso controle, porém  no interior da escola  uma direção democrática na qual  trabalhadores sejam ouvidos,  que todas as decisões sejam tomadas coletivamente, em que não haja hierarquia e a direção seja considerada como uma coordenação de um projeto decidido pela maioria,  podem minimizar as dificuldades dessa realidade e tornar a escola um espaço  menos opressivo e mais interessante para trabalhadores e alunos.
A direção da Subsede/JF orienta o conjunto da nossa categoria a escolher no dia 15 a chapa para direção que se comprometa com essa concepção de direção escolar. Que se proponha a ser a coordenação de um projeto coletivo e não o “patrão, o chefe”  ou representante do governo ou da SRE, pois quem elege é a comunidade e é à comunidade que a direção deve respeito.  Que se ampare no coletivo da comunidade escolar para enfrentar os ataques que o governo venha a fazer, quer seja em relação aos direitos dos trabalhadores, quer seja em relação à autonomia pedagógica da escola. Que seja uma direção de luta, que defenda a educação pública e  os direitos dos trabalhadores em educação.
Nas escolas em que forem chapa única orientamos a exigir posicionamento da chapa em relação  aos princípios acima colocados.

ü  EM DEFESA DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO DEMOCRÁTICO  PARA A CLASSE TRABALHADORA!
ü  QUEM SABE DA EDUCAÇÃO É QUEM NELA TRABALHA!
ü  SÓ A LUTA MUDA A VIDA!








quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Sobre o não pagamento de férias de janeiro aos ex servidores da lei 100 e a minuta da resolução de organização do quadro de escola (resolução de designação):


O governo enviou às escolas o Ofício nº 430/DCCTA/SCAP no dia 01/12/2015 afirmando não caber pagamento de férias (o chamado rateio de férias) e o 1/3 para os ex servidores da lei 100 e publicou uma minuta com critérios para designação de 2016.
Vale lembrar que as direções das Subsedes não negociam com o governo, essa tarefa é da direção estadual do SindUte. Está agendada uam reunião para dia 11/12. Uma data assim tão poróxima do final do ano evidencia uma despreocupação do governo com todo o processo, desde os efetivos e, principalmdnte os designados e ex efetivados da lei 100. 
A direção da Subsede está aguardando informações e orientações da sede central sobre esses temas e assim  que nos forem repassadas enviaremos às escolas e publicaremos nas redes sociais.
Esperamos que isso seja feito o mais rápido possível pois já estamos próximo ao final do ano é grande expectativa e angústia da categoria.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Mariana (MG)


Um mês e ninguém foi punido; exigimos imediata punição dos responsáveis

05/12/2015




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Neste sábado, 5 de dezembro, faz um mês do crime socioambiental cometido em Mariana (MG) pela Samarco/Vale/BHP. Um dia antes dessa data, a mídia anuncia que a Vale jogou mais rejeitos na barragem do Fundão do que havia declarado. Não foram somente 5%. Foram 28%.

Os rejeitos produzidos na mina da empresa que ficava ao lado da barragem eram levados por meio de tubos.

“A Vale contribuiu com quase 30% do rejeito depositado na barragem de Fundão. Diante desse volume declarado da deposição de rejeitos, mais uma vez se confirma a orientação seguida pelo Ministério Público Federal de que, no contexto de responsabilização, nós tratamos a Vale, a BHP e a Samarco dentro do mesmo grupo de responsáveis”, declarou o procurador da República Jorge Munhós.

Não esqueçamos que a Vale, poucos dias depois do rompimento, declarou ao Wall Street Journal, nos Estados Unidos, que não era responsável pelo acidente por ser mera acionista da empresa Samarco.

A cada dia as evidências mostram o tamanho do descaso das empresas com a segurança em torno de uma atividade tão perigosa, a mineração. E esta já era uma tragédia anunciada. As empresas já haviam sido alertadas dos riscos que implicavam aquela barragem.

Uma semana depois do acidente, a subprocuradora-geral da República Sandra Cureau, na abertura de um seminário que sobre mineração em Brasília, na sede da Procuradoria Geral da República, afirmou: “A cada passo da investigação se vê que as duas empresas, a Vale e a BHP, foram totalmente displicentes na prevenção, demonstraram que não tinham qualquer plano de ação para o caso de um desastre e não tinham nenhum sistema de alarme”.

Sandra denunciou ainda que houve um desinteresse quase total com relação às vítimas desse desastre, que não foram auxiliadas, não foram avisadas e não estão sendo recebidas.

A subprocuradora defendeu que as empresas fossem denunciadas para reparar danos civis, mas também no âmbito criminal, por negligência.

Há um mês do rompimento da barragem pouco foi feito. Em matérias anteriores expusemos o quanto as relações corrompidas entre setor privado e público no Brasil se mostravam diante do que aconteceu em Mariana. As doações de campanha, os beneficiamentos das empresas doadoras, as “vistas grossas” ao desrespeito às leis.

Encontro Nacional de trabalhadores e movimentos sociais para fortalecer campanha pela punição dos responsáveis

A CSP-Conlutas tem entre suas campanhas centrais a cobrança pela punição das empresas responsáveis por esse crime e ações efetivas principalmente do governo Dilma (PT) e do Estado de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).

A Central está apoiando a iniciativa chamada desde o Sindicato Metabase de Inconfidentes, Congonhas e Ouro Preto e diversas entidades de Minas Gerais de realizar um Encontro Sindical e Popular no dia 17 de dezembro, na cidade de Mariana. Ao final será realizado um ato nacional em memória das vítimas e de denúncia da mineradora Samarco/Vale/BHP e dos governos como responsáveis pelo desastre. Esta será uma campanha internacional realizada em conjunto com a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Luta.

Segundo o dirigente do Metabase Inconfidentes, Rafael Ávila, o Duda, esse encontro pretende discutir a relação das mineradoras da região com os trabalhadores e com as comunidades do entorno. “Uma resposta política não só à mineração, como também aos trabalhadores e à comunidade, pois achamos que as medidas encaminhadas pelo governo tem sido lamentáveis diante disso, entre elas a liberação do FGTS dos trabalhadores para arcarem do seu próprio bolso o prejuízo causado pela Samarco/Vale/BHP, que destruiu tantas vidas”, salienta.

Entre os temas do encontro devem constar também o Código da Mineração que tende a beneficiar as empresas, a proposta de anulação do leilão da Vale, como o monopólio estatal da mineração sob controle dos trabalhadores.

- See more at: http://cspconlutas.org.br/2015/12/mariana-mg-um-mes-e-ninguem-foi-punido-exigimos-imediata-punicao-dos-responsaveis/#sthash.yq7A4DnT.dpuf

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Comunicado do governo sobre atraso de pagamento e 13º

Atenção!
A direção da Subsede/JF não aceita essa explicação do governo sobre o atraso no pagamento e no 13º. Feriado e final de semana deve ser utlilizado para antecipar pagamento e não atrasar.

COMUNICADO
A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) informa que o pagamento dos servidores referente ao mês de novembro será creditado no dia 09/12, em função do feriado.
Esclarece também que o décimo terceiro salário será pago no dia 22/12, em parcela única.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

MANIFESTO DE INTELECTUAIS E ARTISTAS EM APOIO AS ESCOLAS

Belíssimo manifesto. Esses manifestos precisam se espalhar pelo país. A luta heróica desses meninos e meninas precisa ser reforçada. Vamos assinar!
Não fechem minha escola
13 hEditado

"Não fechem as nossas escolas! Respeitem os estudantes!
Não bastasse o atual estado crítico do ensino básico – com salas superlotadas, baixíssimos salários para docentes e funcionários e péssimas condições de trabalho –, o governo Geraldo Alckmin impõe uma mudança de grande porte à rede de ensino paulista, fechando mais de 90 escolas, encerrando períodos inteiros, removendo milhares de estudantes de suas escolas, impactando a vida de milhares de famílias e ameaçando o emprego de professores em todo estado.
O projeto de “reorganização” foi construído a toque de caixa, sem qualquer consulta às comunidades, sem audiências efetivamente públicas, sem tempo hábil de se fazer o real debate sobre as necessidades das escolas e o mérito da iniciativa. Como tem sido demonstrado em muitos estudos que contestam o projeto, suas justificativas são muito frágeis ou questionáveis. Não por acaso, em sua versão oficial que acaba de ser publicada, a reorganização foi baixada por decreto, sequer apresentada aos parlamentares estaduais.
Para agravar a situação, de forma covarde o governo conclama a uma “guerra” contra os estudantes que tiveram que ocupar suas escolas para serem ouvidos. Estão amplamente registrados todos os tipos de agressão, intimidação, coação e diversas ilegalidades por parte da polícia e de agentes públicos na tentativa de “desqualificar” ou “desmoralizar” o movimento enquanto se supostamente se consolida o projeto como um fato consumado.
Ao contrário das tentativas, o que temos visto são estudantes com muita convicção e firmeza, reforçando como nunca sua identidade com as escolas, cuidando dos espaços públicos, sendo protagonistas das programações de aulas públicas, de eventos culturais e esportivos.
Nós, intelectuais, artistas e figuras públicas que de maneira suprapartidária subescrevemos esse manifesto reivindicamos, para o bem da cidadania e da escola pública, a suspensão imediata da “guerra” contra os estudantes adolescentes bem como desse projeto de reorganização para que de uma vez por todas se escutem as vozes das escolas e comunidades que são as mais interessadas e com quais deve se pensar a educação."
Primeiros signatários:
Ariovaldo Umbelino de Oliveira (Geografia – USP)
Cesar Cordado (Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça)
Christian Dunker (Psicologia – USP)
Cibele Lima (Rede Emancipa de Educação Popular)
Cilaine Alves Cunha (Literatura – USP)
Ciro Correia (Geologia – USP)
Cristiane Gonçalves (Políticas Públicas e Saúde Coletiva – Unifesp)
Fábio Konder Comparato (Direito – USP)
Franciso Miraglia (Matemática – USP)
Frederico de Almeida (Ciência Política – Unicamp)
Gilberto Cunha Franca (Geografia – Ufscar)
Gilson Schwartz (Cinema, Rádio e TV – USP)
Gregório Duvivier (Ator e escritor – Porta dos Fundos)
Guilherme Boulos (Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST)
Henrique Carneiro (História – USP)
Homero Santiago (Filosofia - USP)
Isabel Maria Loureiro (Filosofia – Unesp)
Luciana Genro (Presidenta da Fundação Lauro Campos e ex-candidata à Presidência pelo PSOL)
Manoela Miklos (Produtora Cultural)
Márcia Tiburi (Filosofia – Mackenzie)
Márcio Seligmann-Silva (Teoria Literária e Literatura – Unicamp)
Marcos Barbosa de Oliveira. Prof. Colaborador, depto. Filosofia, FFLCH-USP
Maria Cecília Wey (Aliança pela Água)
Maria Rita Kehl (Psicanalista, jornalista, ensaísta, poetisa, cronista e crítica literária)
Mariana Fix (Urbanista – Unicamp)
Mario Schapiro, professor FGV Direito SP
Marussia Whately (Aliança pela Água)
Mauro Pinto (Advogado OAB-SP)
Marcos N. Magalhães (IME – USP)
Miranda (Coordenador do Movimento Negro Socialista – MNS)
Otaviano Helene (Física – USP)
Paulo Eduardo Arantes (Filosofia – USP)
Paulo Miklos (Vocalista do Titãs)
Plínio de Arruda Sampaio Jr (Economia - Unicamp)
Ricardo Antunes (Unicamp)
Ricardo Musse (Sociologia – USP)
Rosa Maria Marques - PUCSP
Ruy Braga (Sociologia – USP)
Sara Del Prete Panciera – (Saúde, Educação e Sociedade - Unifesp )
Vladimir Safatle (Filosofia – USP)
para assinar o manifesto, envie seu nome, instituição e contato para o email naofechemminhaescola15@gmail.com

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Estudantes ocupam as ruas e dão aula de resistência contra a truculência de Alckmin; manifestação nesta sexta-feira

02/12/2015


Os estudantes estão dando aula nas ruas sobre o direito que tem de se manifestar contra algo que não são a favor: a reorganização das escolas, projeto do governador Geraldo Alckmin que pretende fechar 94 unidades escolares. A polícia, por sua vez, a mando desse mesmo governador, retira a força esse direito, com  violência.

Mas a juventude não desiste. As atividades seguem durante essa semana, e na sexta-feira (4), às 14h, haverá uma manifestação dos professores, com o apoio dos estudantes, na Praça Roosevelt contra a reorganização.

A repressão de Alckmin

Os estudantes começam a sair das escolas e tomar as ruas para mostrar sua luta à população.

Ontem a Avenida Nove de Julho foi bloqueada com cadeiras de salas de aula e com faixas exigindo que o governo investisse em mais escolas e menos em prisões. Indo na contramão disso, a polícia, braço de ferro do estado, levou presas pelo menos quatro pessoas, entre elas dois menores. Outras três relataram ferimentos leves. Isso tudo com o objetivo de calar o movimento, mas não conseguiram.
Hoje, novamente, desta vez na Avenida Doutor Arnaldo, os estudantes voltaram a protestar. A polícia, novamente reprimiu a manifestação. Mais uma vez a ação contou com quatro detenções.

Meme O Mal Educado
Meme_Crédito: O Mal Educado

É assim que está sendo conduzido o diálogo que o secretário da Educação de São Paulo, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, disse que teria com os estudantes das mais de 200 escolas ocupadas desde o início de novembro: com prisões, cassetetes e gás de pimenta na cara.

No início dessa semana, as mobilizações contra a (des) organização do ensino tomaram as avenidas Faria Lima e a João Dias.

Governo parte para ofensiva para tentar desmontar movimento de ocupações nas escolas

“O governo decidiu agir de forma ofensiva para tomar à força as escolas ocupadas”, informa o membro da Oposição Alternativa João Zafalão que acompanha de perto as ocupações em escolas, e que tem dado apoio aos estudantes.

Essa atitude arbitrária também se confirma em áudio vazado e divulgado no domingo (29), com exclusividade pela rede de comunicação Jornalistas Livres. A gravação é de uma reunião realizada entre o secretário da Educação, Voorwald, e cerca de 40 dirigentes de ensino do estado de São Paulo, na escola Caetano Campos. No áudio é possível ouvir como a cúpula do estado no setor de Educação pretende atuar essa semana para enfraquecer a mobilização dos alunos, professores e funcionários que estão luta em defesa das escolas. 

Entretanto, conforme aumenta a violência da polícia, aumenta a resistência dos estudantes.

A CSP-Conlutas está ajudando em diversas ocupações, principalmente em Itaquera, Zona Sul e Zona Leste por meio dos professores da rede estadual. Nossa Central está nesta luta e faz um chamado para que fortaleçamos a movimento durante essa semana, pois será decisiva.

Fonte; site CSPConlutas

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

'Se Brasil formasse médicos como professores, pacientes morreriam', diz Mercadante

Essa afirmação do Ministro da educação é um ultraje aos educadores. 
Sua função num dos mais importantes ministérios do país deveria ser a de  garantir educação de qualidade, com valorização dos trabalhadores em educação; condições dignas de trabalho e instalações físicas adequadas para professores  e alunos e não o de insultar os educadores que, mesmo com todas as dificuldades que seu governo coloca, estão cotidianamente nas escolas dando sua vida para que a educação tenha um mínimo de qualidade. 
Na entrevista (abaixo) Mercadante, além de insultar os professores, coloca uma concepção de educação privatista, meritocrática e reducionista.
A direção estadual do SindUte e a CNTE devem dar uma dura  resposta a essa entrevista do ministro.


ANA ESTELA DE SOUSA PINTO

Mais profissionalização é a resposta do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, à análise de economistas de que falta qualidade ao ensino brasileiro e, sem isso, a economia do país não crescerá de forma sustentada.
A formação dos professores tem que se voltar para a prática, diz: "Se formássemos nossos médicos como formamos nossos professores, os pacientes morreriam".
O ministro critica o desempenho das universidades que preparam os docentes —"principalmente no setor privado"— e diz que o MEC vai exigir contrapartidas para repassar as verbas dos programas federais.
Mercadante afirma que há simpatia à ideia de incluir o ensino profissionalizante no currículo do ensino médio e propõe vincular o Pronatec, de formação técnica, ao EJA, antigo supletivo.
Defende a política de dar prêmios em dinheiro a escolas e professores que atingirem metas e acha que entregar a administração escolar a Organizações Sociais (entidades privadas sem fins lucrativos) pode dar bom resultado.
Não apoia, no entanto, a política de "charter schools", em que escolas privadas recebem do Estado para prestar o serviço da educação gratuita.
Folha - Vários economistas têm dito que o Brasil não vai crescer de forma sustentada sem aumento de produtividade, e a qualidade da educação está na raiz desse aumento. Por que o ensino não melhora?
O Brasil tem que acelerar sua transição para uma economia do conhecimento. Educação, ciência e tecnologia e inovação são a base dessa estratégia.
A educação, principalmente, se estiver melhor articulada com o setor produtivo.
O empresariado brasileiro tem uma certa dificuldade em ter cultura inovadora, o que tem muito a ver com sermos um capitalismo tardio, em que o empresário acha que inovar é comprar máquina pronta e acabada e não fazer melhor, mais barato, mais eficiente que o que fazia antes. Este caminho é o que nos vai permitir avançar. Conseguimos isso na agricultura.
É uma área em que o Brasil tem vantagens competitivas.
Mas não é só porque temos terra e água. Temos a Embrapa, temos tecnologia, uma indústria de máquinas e equipamentos.
E capital também.
Mas é isso que gera o capital. Inovação, competitividade e eficiência vão atrair o capital e modernizar o setor.
O caminho tem que ser como o do brigadeiro Montenegro [Casimiro Montenegro Filho], que criou o ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica], para formar uma geração de engenheiros, para que pudéssemos ter uma indústria aeronáutica.
O foco era a indústria, mas o alicerce era educação.
Ele quis chegar, e chegou, à indústria aeronáutica e astronáutica, mas pela educação.
Esse deveria ser o caminho do Brasil. Precisamos mais dessa parceria com universidades.
Por que o Brasil não está conseguindo melhorar a qualidade do ensino?
Está avançando. Educação é muito complexa: uma rede de 50 milhões de alunos, 2 milhões de professores, com o histórico que herdamos, é um processo.
Avançamos muito no acesso às creches, na educação infantil, no ensino fundamental. A jornada escolar está aumentando. Passamos de 4,7 anos para 8 anos em menos de 15 anos. Na universidade, nem falar. Eram 2,5 milhões nos anos 2000, agora são 7,5 milhões e meio.
Mas o problema não é o acesso.
Acesso e permanência.
O sr. não citou o ensino médio, em que o acesso, a permanência e a defasagem não são boas.
Em 1991, havia 2,4 milhões de estudantes no ensino médio. Hoje são 7 milhões.
Mas só 70% estão no ensino médio, grande parte fora da idade correta.
Mas houve uma inclusão de quase 5 milhões de jovens, num período muito curto. O problema é o que herdamos.
Mais do que dobramos a rede, e foi a rede pública que suportou esse crescimento, pois a privada praticamente não se alterou.
Houve grande avanço em termos de acesso e permanência em todos os níveis, inclusive no ensino médio, que acho que merece uma reflexão maior, porque é mais complexo.
O Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que leva em conta aprovação escolar (chamada de fluxo) e médias de desempenho nas avaliações], ao incluir o fluxo, sinaliza a importância de não deixar nenhuma criança para trás.
E houve avanço também na aprendizagem, que é a coisa mais importante, o foco da educação. A meta mais importante é a da qualidade, em todos os níveis.
No caso do Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, que avalia estudantes na faixa dos 15 anos], a fotografia ainda é ruim, mas o filme é muito bom.
O fato de que o Brasil foi o que mais evoluiu no mundo, passou países da América Latina dos quais sempre estivemos atrás, tendo feito uma inclusão dessa magnitude, mostra que houve um avanço importante, mesmo em relação à qualidade.
Quando pegamos nossa amostra, de 950 escolas e jovens de 15 anos, a média é problemática. Onde está a dificuldade real? Não é na média. São os pobres. Onde não avança, onde o Ideb não avançou no ritmo que se esperava é no último quartil da renda, nos 25% mais pobres, que vêm de uma família não letrada, que já na infância tem um vocabulário em média de um terço do das famílias letradas.
É essa criança, a criança da periferia das grandes cidades e das pequenas cidades do interior, a criança que não está indo para a pré-escola. Elas não desenvolvem as habilidades cognitivas e não cognitivas na idade adequada.
Já identificamos a dificuldade da leitura, do aprendizado da escrita e dos elementos básicos da matemática —22% das crianças não leem na idade adequada, 34% não escrevem e metade não aprende a matemática até os oito anos.
E, se a criança não aprendeu a ler, não vai ler para aprender. Quando passa para a sexta série, se desorganiza. É o primeiro momento da evasão.
E no ensino médio, com 18, 19 disciplinas, não consegue mais acompanhar.
O foco tem que ser na leitura, na redação e na matemática.
Damos bolsa para 300 mil professores e professoras, 600 mil formadores das redes de universidades federais. Em algumas, avançou muito. Noutras não avançou nada.
Em muitos cursos de pedagogia e licenciatura estamos tendo uma formação teórica interessante, uma reflexão sobre a filosofia da educação, a teoria da educação, mas muito pouco de prática de aprendizagem na sala de aula.
O Estado de São Paulo está mudando isso agora. Existe uma disposição do governo federal para mudar também?
Estamos trabalhando fortemente para isso.
Se nós formássemos os nossos médicos como formamos nossos professores, íamos ter uma crise na saúde dramática. Porque, se um médico chegar à frente de um paciente e começar a refletir sobre a teoria da saúde, sobre ética e saúde, filosofia da saúde, o paciente morre. Ele tem que fazer o diagnóstico e dar a terapia.
Se o engenheiro não botar o prédio na planta e fizer o cálculo, se começar a refletir sobre as várias opções da teoria da construção civil, o prédio vai cair.
Não que a gente tenha que abdicar de uma reflexão teórica abrangente na educação, mas tem que ter a prática, como aprender, como transmitir conhecimento, como liderar uma sala de aula, como observar os alunos, acompanhá-los.
Qual o obstáculo para mudar o currículo?
A grande mudança de que precisamos é fazer a base nacional comum curricular. Ela vai exigir, como em outros países, uma rediscussão dos cursos de pedagogia e licenciatura. Vai definir o que é o direito de aprendizado de qualquer aluno em qualquer lugar do território nacional. Isso reorienta os cursos de pedagogia. Temos que repactuar. O grosso dessa formação está se dando na rede privada.
Temos alguns instrumentos para ajudar na construção. Um é o Pibid [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, que dá bolsas para estágios na formação de professores], com 90 mil bolsistas, e o Pafor [Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica], que já é para a rede.
Damos 90 mil bolsas e só 18% viram professores da rede. O projeto é da faculdade e não da rede. Temos que ter exigências da rede.
Vai direcionar para matemática e português?
E para aprendizagem. O MEC vai monitorar esses estágios e estabelecer condições. O foco é a aprendizagem do aluno. Com isso, vão ser formados dentro de uma nova concepção, em vez de só fazer um trabalho para a faculdade sem qualquer compromisso para a escola.
Hoje, quem escolhe a escola é o aluno ou a faculdade, e não o MEC nem a rede.
Como fazer na prática?
Como fizemos com o Fies [Fundo de Financiamento Estudantil, que financia estudantes do ensino superior]. A inscrição será no portal do MEC, que vai estabelecer quais as escolas prioritárias, vai rediscutir o programa com as faculdades, focado nas prioridades educacionais.
O que o Fies está fazendo é induzir o sistema à qualidade: "Ora, melhora a qualidade e você tem mais bolsas". Evidente que tirou o sistema da zona de conforto.
Então houve falta de objetivos ao expandir tanto o sistema sem esses critérios?
Não, acho que, na política pública, você vai aprimorando e construindo em cima de uma experiência concreta. Vai identificando os problemas em cima do que vai construindo.
Por que foi preciso fazer uma revisão do seguro-desemprego, que está aí há anos? Da aposentadoria? Da pensão por morte? Porque são programas sociais que precisavam de ajustes.
Na educação é a mesma coisa. Por exemplo, no Plano Nacional para a Alfabetização na Idade Certa, percebemos que não adianta fazer uma relação direta com as universidades, em algumas funcionou muito bem, mas em outras não está havendo aumento do aprendizado na sala de aula.
Precisamos melhorar no Nordeste, e é possível. Há boas experiências, no Ceará e na Bahia, vamos fazer um programa especial para o Nordeste.
No Ceará houve um investimento muito forte na gestão, na profissionalização dos diretores, na autonomia para contratar e demitir professores. Existe alguma disposição do MEC de incentivar também esse movimento?
Concordo inteiramente. O mais importante na aprendizagem é a relação professor-aluno, e a segunda coisa é o papel do diretor.
O diretor é imprescindível, precisa ter noções de administração, orçamento, gestão, pedagogia, habilidade e formação para administrar conflitos não violentos, criar uma cultura de tolerância. É quem tem que preencher quando os professores faltam, e estão faltando demais em muitas redes.
O MEC vai ter um programa de formação e criar uma certificação de diretores. Os diretores serão escolhidos já com essa certificação: quem quiser ser diretor terá que se qualificar previamente. Para ser certificado, precisará passar por uma avaliação e elaborar um projeto pedagógico para sua escola. Isso pode dar um salto importante.
Mas voltando um pouco à questão da qualidade, não é só o quartil mais pobre que tem desempenho pior, mas em todos os quartis o aprendizado do aluno brasileiro é mais baixo que o de países semelhantes. Não é um sinal de dificuldade para melhorar a educação? Onde está travando a melhoria do ensino?
O próprio Pisa, em seu relatório, aponta o Brasil como um país que foi capaz de aumentar a inclusão de alunos e a aprendizagem. Muitos desses alunos vieram de regiões rurais, mais pobres. Nós evoluímos trazendo a pobreza para a escola, a população de famílias de pouca escolaridade. E apesar disso a nota de matemática melhorou em todos os níveis.
Não vejo problema em comparar o Brasil com países da OCDE. Mas temos uma renda per capita de US$ 15.838, dados de 2014, e a média da OCDE é US$ 38.766. Eles investem muito mais por aluno. Nosso investimento em porcentagem do PIB é maior que o deles. A ONU recomenda de 3% a 4% do PIB, estamos investindo 6%, mas nosso PIB per capita é muito menor, nosso orçamento por estudante é muito menor.
Mas países semelhantes ao Brasil, como México, Chile, têm obtido melhor resultado.
O Brasil fez uma política de inclusão fantástica, sem precedentes, e, apesar disso, está melhorando a qualidade.
Onde está melhorando menos é nessa população que entrou na escola tardiamente e traz essa herança. Esse jovem de 15 anos é dessa escola do passado. Precisa andar mais rápido? Precisa. Por isso estamos repensando, buscando integrar os programas com foco no aprendizado.
E mudando a política de formação e valorização dos profissionais. O Piauí, por exemplo, está dando um 14º salário se houver mais de 25 alunos por sala, o resultado do Ideb superar a meta e assiduidade dos professores ficar dentro do estabelecido.
No Ceará, o município tem aumento do ICMS se tem bom resultado. Precisamos ter mais criatividade, mais inovação, mais motivação dos profissionais na sala de aula.
A motivação passa então por um reconhecimento em dinheiro?
No caso dessas redes, o que estou vendo é que esse mecanismo de valorização, de bonificação pelos resultados, está tendo sucesso. Vamos olhar essas experiências sem preconceito.
Em São Paulo houve essa experiência e a conclusão foi de que não dava o resultado esperado.
Estou jogando luz sobre experiências que estão dando certo já há vários anos. O que me preocupa são algumas propostas como o programa do PMDB, que ainda vai ser discutido -espero que de forma aprofundada-, de retirar as vinculações de tributação.
Se retirar a obrigação do prefeito de investir em educação, do governo do Estado, da União, se retirar a obrigação de que o dinheiro do petróleo e do fundo social venham para a educação, como vamos garantir os recursos que estão faltando?
Porque, apesar da vinculação, nosso investimento per capita é baixo quando comparado com os países mais desenvolvidos. Se retirar a vinculação, vai tirar dinheiro da educação.
Se é verdade que educação não se resolve com dinheiro, não se resolve sem dinheiro nem com menos recursos.
Temos um problema de financiamento da educação, principalmente em relação às metas do PNE [Plano Nacional da Educação], que são muito ambiciosas e propõem que a gente chegue a 10% do PIB. Só não discute como. E o PNE não pode virar o tratado de Kyoto, com o que todo mundo concorda, mas depois ninguém consegue cumprir. Temos que discutir o financiamento da educação, formas de financiamento novas, que viabilizem, porque é um investimento estratégico.
Mas o investimento em educação no Brasil vem crescendo em proporção do PIB ano a ano, sem uma melhoria correspondente. O Ipea divulgou recentementeum estudo mostrando que o gasto em educação no Brasil é pouco eficiente. Por que o dinheiro não está dando o resultado esperado?
Mas pusemos 5 milhões de jovens no ensino médio, 5 milhões de estudantes universitários a mais. Estamos comparando com países cuja população total é menor do que o que colocamos a mais.
Não é um problema então de má administração dos recursos?
Não. Houve um esforço brutal de inclusão social. Resolvemos alguns problemas, como em relação ao analfabetismo. Em 2004 era 11,5% e estamos com 8,3%. Até os 20 anos, 0,9%, erradicamos o analfabetismo. Até 30 anos, são 2,1%.
Mas o analfabetismo funcional ainda é alto.
Mas tivemos que trazer milhões de jovens, 5 milhões a mais no ensino médio, 5 milhões na universidade.
NoPronatec, fizemos um programa com 9 milhões de matrículas no ensino técnico profissional. "Ah, mas e a qualidade?" Aí vocês não dão destaque, mas deveriam ter falado do World Skills, olimpíada mundial do ensino técnico, em que o Brasil foi primeiro lugar em 69 países.
Fui à assembleia da Unesco e todos os ministros da educação dos países ricos queriam discutir Pronatec. E a pergunta é a seguinte: como um emergente tirou primeiro lugar no World Skills? O que vocês fizeram?
Há um esforço forte de formação da rede Sest/Senai, não?
Mas, das 35 medalhas de ouro que tiramos, 28 tinham bolsa do Pronatec. Foi a parceria que fizemos. A rede Sest/Senai faz um trabalho excepcional, e nós trabalhamos em íntima parceria. Massificou o acesso.
Por que o Brasil é bom em futebol? Porque em cada esquina tinha um campinho de futebol. Por que nós somos bons de vôlei de praia? Porque temos muita praia, o pessoal começou a jogar vôlei. Onde o brasileiro tem chance e oportunidade, temos bons desempenhos. Na hora em que se massificou o ensino técnico profissional surgiram os talentos e nós ganhamos a olimpíada.
Mas o World Skills não reflete todo o ensino. Os participantes fazem um treinamento intensivo, de meses, para participar.
Ah, só nós, né? A Coreia não faz? Você acha? Todos esses países fazem treinamento especial.
Nós investimos R$ 1,6 bi nos centros de formação técnica do Senai para criarmos uma cultura de inovação. Precisamos dessa parceria. Temos um sistema excelente de formação técnica, mas sem escala. Precisa ter escala. Neste ano, com restrições orçamentárias, o Sistema S vai colocar mais recursos, R$ 5 bilhões, cada um na sua área. Vão assumir com mais protagonismo o Pronatec, a Embrapii e outros programas de parceria.
Em troca de não perder uma parcela do imposto que era repassado pelas indústrias.
Exatamente. Muito melhor construir uma parceira, um acordo.
Por que o ensino profissionalizante não está incluindo na base comum curricular?
Grande questão. Sobre o ensino médio, um dos grandes problemas é que, apesar de entrarem 5 milhões de alunos, temos evasão e uma escola que tem que ser mais motivadora e agradável. 20% dos jovens de 18 a 24 anos estão na universidade. Onde estão os outros? O que oferecemos a eles? Só um ensino regular? Não é suficiente.
Na base nacional comum do ensino médico, temos que trazer uma base técnica profissional. Porque esse jovem está olhando o mercado, e muitos estão saindo para buscar uma oportunidade.
É preciso criar um diálogo com o ensino técnico profissional já no ensino médio, sem prejudicar nem desmotivá-los a ir para a universidade, se quiserem, ou para uma escola técnica de dois anos pós-médio.
Mas ter um ensino técnico concomitante com o regular.
As escolas com melhor desempenho no Enem e no Ideb são as que integram as duas coisas.
E por que o ensino técnico não foi incluído na base comum curricular?
Outro ponto é o do EJA [Educação de Jovens e Adultos, o antigo supletivo]. O Fundeb investe R% 5,7 bilhões por ano. Dos matriculados, só 9,4% concluem e são certificados. Os diretores de rede têm interesse na matrícula porque ela assegura participação no Fundeb. Mas é evidente que ele tem que ser repensado.
Vai se criar algum tipo de condição?
Só vejo um caminho: a relação com o Pronatec. Trazer o ensino técnico profissional para essa população adulta que tem uma grande defasagem idade-série.
Tenho um secretário-executivo cujo pai é pedreiro. Tem mais de 60 anos. Ele perguntou "Pai, por que o senhor não conclui o ensino médio?" O pai respondeu "Eu trabalho oito horas por dia, carrego saco de cimento, tijolo, sustentei vocês todos com meu trabalho de pedreiro. Vou estudar geografia, história, filosofia, sociologia, à noite, cansado o que isso vai mudar na minha vida a essa altura do campeonato". É uma pergunta básica. Aí meu secretário perguntou "Mas o senhor consegue ler a planta do engenheiro?" "Não, quem faz isso é o mestre de obras". "E se tivesse uma formação para ler a planta e pudesse ser mestre de obras?" "Onde é esse curso, que eu quero entrar."
É evidente que uma formação do EJA que parte da formação que o profissional já tem, se isso é reconhecido, certificado, e dou uma formação para dar um passo na profissão, esse profissional vai estudar com paixão. Foi o que o Pronatec mostrou.
Por que 9 milhões foram para o Pronatec e no EJA só 4,9% concluem? Porque querem uma formação voltada para o mercado de trabalho.
Mas a grande maioria do Pronatec, 70% desses 9 milhões, fez cursos de curta duração.
Porque são duas coisas distintas, uma parte é formação técnica e outra é tecnológica. Para a mãe do Bolsa Família, a porta para saída do programa é o Pronatec, para tentar entrar no mercado de trabalho, montar uma microempresa.
A mesma coisa em relação ao trabalhador desempregado. Se ele faz um curso de requalificação profissional, tem mais chance de se reinserir no mercado de trabalho num melhor padrão.
Temos que aproveitar a crise, é um momento tão importante que a gente não pode desperdiçar. A crise no mercado de trabalho vai exigir mais formação. Temos que aproveitar o desemprego e oferecer: "Venha estudar, que o Brasil vai ganhar mais eficiência e mais produtividade".
Por outro lado, um estudo do Ministério da Fazenda com 160 mil desempregados, que acaba de ser publicado, concluiu que os cursos de curta duração do Pronatec não aumentam a empregabilidade nem a renda.
Não concordo com aquele estudo, que é do terceiro escalão do Ministério da Fazenda.
O MEC tem algum estudo semelhante?
Tem, o Senai tem e o Banco Mundial também teve mostrando que não é este o caminho. Em 2014, com uma taxa de desemprego de 4,7%, falar que não teve empregabilidade alta com amostra absolutamente pequena em relação ao programa Não acho um dado relevante.
Como o MEC acompanha a empregabilidade dos alunos do Pronatec.
A empregabilidade quem tem que acompanhar é o Ministério do Trabalho.
Mas o objetivo do programa é a empregabilidade, certo?
Sempre. Ou fazer com que quem está empregado cresça profissionalmente.
Mas, quando se implanta um programa, é preciso fazer ajustes. Fizemos uma pesquisa para olhar em cada microrregião qual o perfil, qual o emprego portador de futuro daquela região, para oferecer uma formação técnico-profissional ligada à perspectiva do mercado de trabalho.
É preciso uma análise da estrutura produtiva e da perspectiva futura do mercado de trabalho. Não é simples fazer isso.
O sistema S tem que lutar para que o aluno conclua o curso e não simplesmente se acomodar porque recebe um repasse de recurso.
Tudo isso tem que ser aprimorado. Agora, o resultado é fantástico. Quem não quer ver é só olhar para o World Skills.
Um dos problemas...
...Eu não gosto dessa discussão. O ajuste fiscal tem que ser feito, nós temos uma situação fiscal difícil. Mas não dá para fazer uma análise simplificatória de políticas sociais para justificar ajuste fiscal, isso não é um ajuste de boa qualidade.
O que o senhor está chamando de análise simplificatória é esse estudo da Fazenda?
Não... estou falando só preventivamente.
No caso do Fies, acha que houve também análise simplificatória?
Não, acho que houve uma mudança indispensável. Participei desse processo que te descrevi.
Uma das causas desse descasamento entre quantidade e qualidade não é a falta de parâmetros de avaliação da política pública em educação?
Mas há uma avaliação.
Descrição: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1712167-se-pais-formasse-medicos-como-professores-pacientes-morreriam-diz-mercadante.shtml#
Não estou me referindo ao ensino básico, mas a esses programas voltados para a produtividade.
O Brasil é uma referência. Os países desenvolvidos todos estão discutindo o Pronatec e o World Skills. Os países pobres, a África portuguesa, onde ajudamos a implantar a rede de ensino, o olhar deles é para o nosso sistema de avaliação. Porque a maioria dos países não tem um sistema de avaliação da universidade privada.
Nós temos o CPC [indicador de qualidade de cursos superiores] e vamos introduzir o fluxo agora. Uma universidade que forma mais alunos em porcentagem terá um bônus. Os cursos que tiram notas ruins perdem não só o Prouni e o Fies, mas perdem o vestibular.
Há que ter rigor na avaliação. O Ideb, a ANA, são sistemas de avaliação.
Mas estou perguntando sobre os programas específicos voltados a aumento de produtividade e inovação. O quanto se acompanham as pessoas que receberam o investimento? O investimento em ensino superior, que é alto no Brasil, beneficia o aluno, individualmente. Como o MEC acompanha o retorno desse investimento em termos de desenvolvimento do país? Aumentou o número de patentes de quem ganhou o Ciência sem Fronteiras? Eles voltaram para o país? Como avaliar se esse dinheiro está sendo bem empregado?
Temos que aprimorar os programas. O Ciência sem Fronteiras não é diferente, e estamos discutindo.
Mas precisamos internacionalizar. Um estudante desses que volta motivado, aprende línguas, tem um universo aberto, isso terá um impacto nessas instituições. Nos rankings internacionais, um dos problemas da universidade brasileira é a falta de internacionalização. Em muitos países, fizemos acordo com a indústria para que eles façam estágio nas empresas. Fizemos um portal em que as empresas podem encontrar os alunos, contratar para fazer P&D (pesquisa e desenvolvimento).
E existe um acompanhamento do que aconteceu com esses alunos na volta, em comparação com os que não foram?
Existe e isso é uma parceria que estamos fazendo com todas as reitorias acadêmicas, que monitoram o programa, para avaliar.
Existe já um relatório das avaliações?
Não tenho de cabeça, mas em geral a avaliação é muito positiva.
Em termos de quê?
Da atitude dos estudantes. Eles voltam muito mais motivados, muito mais focados no trabalho, com um projeto de vida, um projeto técnico-científico, mais dedicação ao estudo. Você abre um horizonte fantástico, eles voltam com muito mais garra para o desempenho. [Após a entrevista, o ministro enviou uma pesquisa de avaliação subjetiva do programa feita pelo Senado com bolsistas e ex-bolsistas. Enviou também pesquisas quantitativas que mostram impacto positivo do Pronatec para beneficiários do Bolsa Família e o estudo "Inclusão Produtiva Urbana: O que fez o PRONATEC / Bolsa Formação entre 2011 e 2014", também do Ministério do Desenvolvimento Social, mostrando aumento da empregabilidade de egressos do Pronatec ].
Faz sentido para o Brasil gastar tanto mais por aluno do ensino superior que com os do ensino básico?
É evidente que uma universidade é mais cara. Não adianta pensar a educação se não pensar de forma integrada. Sem boas universidades para inovar, fazer patentes, formar bons professores, técnicos, profissionais, o país não tem competitividade.
E na sua avaliação as universidades estão fazendo isso hoje?
Tivemos uma expansão muito grande, estamos fazendo uma reavaliação da metodologia de avaliação dos cursos de pós-graduação. Temos mais ou menos 6.500 cursos de pós-graduação, que produzem por ano hoje 500 mil títulos, livros e publicações em revistas especializadas e indexadas. Não se pode avaliar só pela métrica do volume e pelas citações. Estamos tentando introduzir uma dimensão maior da qualidade. Até março pretendemos concluir o estudo.
Citações não são uma medida de qualidade?
São um indicador, mas não pode ser o único.
Quais os outros?
É isso que estamos analisando, as experiências internacionais, para tentar introduzir.
É a favor de trazer OSs [organizações sociais, entidades privadas sem fins lucrativos que prestam serviços públicos] para gerenciar escolas públicas?
É uma experiência que tem que ser olhada rede por rede. É uma decisão da rede, tem que avaliar e verificar o resultado.
Em tese, o senhor é a favor?
Tenho muita simpatia pelas OSs em ciência e tecnologia e inovação. O Impa [Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada] é o quinto centro em matemática no mundo e é uma OS. Ele tem uma agilidade muito importante. Não conseguiríamos fazer o Enem se não houvesse parceria com OSs, que têm muita agilidade.
Tem que ter controle, transparência, contrato de gestão, tem que estabelecer contrapartida, mecanismo eficiente de gestão. Não é uma solução para tudo. Mas é um caminho.
E as "charter schools" [sistema em que o governo contrata escolas particulares]?
Vou aguardar, temos que tomar muito cuidado, pois essas são definições das redes. É preciso acompanhar, avaliar e à medida que forem exitosas a rede vai estar aberta a discutir. Vi algumas experiências de PPP para construção de equipamentos muito interessantes. A parte pedagógica é do Estado, mas a construção e a gestão são privadas.
As "charter schools" dão um passo além: a parte pedagógica é também da empresa contratada.
Nisso acho que perdemos a visão do direito do cidadão de qualquer escola pública ser responsabilidade do Estado. Os bons sistemas de educação do mundo tem professores estáveis e da rede pública.
Então o senhor é contra?
Não vejo necessidade. Não há consenso na literatura em relação aos resultados. É uma experiência piloto, nunca foi majoritária em nenhum lugar do mundo.
O sistema privado no Brasil pode disputar os alunos. No ensino médio, eles não têm aumentado. As boas escolas da rede pública estão sendo disputadas, não vejo necessidade desse caminho no Brasil.
É responsabilidade do Estado ter uma base comum, que todo aluno tenha um aprendizado que é o mesmo no país, é um direito essencial que tem que estar assegurado.
Nas universidades, investimos um pouco mais por aluno, é verdade, mas as públicas são as melhores do Brasil. Essa ideia de que o Estado não pode dar boa educação não se sustenta nem empiricamente. Com criatividade e inovação, faz-se uma boa rede pública.
Na parte administrativa, agiliza, barateia. Mas o projeto pedagógico é um projeto de país, um projeto público. E um direito básico de todo cidadão.
E o ensino profissionalizante vai entrar na base comum?
Vejo grande simpatia por parte de todo secretário. A rede de ensino médio é basicamente estadual. Houve encontro em Manaus e vejo grande simpatia por parte dos secretários estaduais que uma parte da carga horária e da estrutura curricular seja técnica profissional.
O senhor vê com preocupação o aumento da influência do ex-presidente Lula no atual governo?
[pausa] O que você ia perguntar sobre educação, mesmo? 
Fonte: Jornal Folha de São Paulo.