sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Morador de rua preso durante manifestações de junho é condenado a 5 anos de prisão

Rafael Braga é  pobre e negro e, é claro,  não possui amigos influentes. Isso explica esse absurdo. Enquanto isso Perrela e seus filhos estão sendo protegidos pela aristocracia política de Minas.


Rafael Braga Vieira foi preso por portar garrafas de produto de limpeza durante os protestos de junho

O morador de rua Rafael Braga Vieira, de 26 anos, mais um brasileiro pobre e sem teto, ilustra um período de intensa criminalização da pobreza e dos movimentos populares e sociais, e crescentemente das manifestações espontâneas de protestos de rua.

Após mais de 5 meses de prisão, após ser acusado e impedido de responder processo em liberdade, Rafael foi condenado hoje a 5 anos de prisão em regime fechado, sentença dada pelo juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, da 32ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.

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Rafael Braga Vieira foi preso por portar garrafas de produto de limpeza durante os protestos de junho (Foto: Reprodução de viral da internet)

Segundo registro da sentença, o réu foi flagrado com duas garrafas contendo líquido inflamável durante a manifestação de 21 de junho, e que “a utilização do material incendiário, no bojo de tamanha aglomeração de pessoas, é capaz de comprometer e criar risco considerável à incolumidade dos demais participantes, mormente em se considerando que ali participavam famílias inteiras, incluindo crianças e idosos”.

Rafael era catador de material reciclável e foi detido nas manifestações de junho, na Avenida Presidente Vargas, no RJ, acusado de portar coquetéis molotov. Em verdade, o morador de rua carregava apenas uma garrafa de desinfetante e outra de água sanitária que, conforme seu depoimento, foram recolhidas assim como outros materiais recicláveis e uma vassoura.

À época, muitos foram detidos portando garrafas de vinagre ou tiveram seus pertences alterados em flagrantes forjados e registrados em vídeo por outros manifestantes, como o caso do jovem preso em setembro durante manifestações de professores no Rio, após um policial militar forjar um flagrante jogando ao chão morteiros que ele mesmo portava antes da averiguação da mochila do jovem.

No processo contra Rafael, as únicas testemunhas que comprovam o “delito” são os policiais envolvidos na ação. Esta é a primeira condenação de um caso referente aos protestos de 2013, e a Defensoria Pública pretende recorrer da decisão após receber a notificação formal da condenação de Rafael. E é desta maneira que o jovem de 26 anos é sentenciado hoje a ser mais um na estatística do perfil carcerário brasileiro. Jovem, negro e pobre. 
Fonte: site CSPConlutas

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